O ciclista argentino Pablo García trabalhou de guia turístico por cinco anos em Maceió.
Afirma que decidiu viajar o mundo de bicicleta após se cansar da rotina e decidir realizar um dos sonhos dele.
Argentino viajou mais de 140 mil quilômetros através do mundo (Foto: arquivo pessoal) |
De volta a cidade de Maceió, ele comemora a viagem de 146 mil quilômetros que o fez percorrer quatro continentes. Na capital alagoana ele foi recebido, nesta quarta-feira (30), por amigos na orla de Maceió, local onde García trabalhou durante cinco anos como guia turístico. Ele afirma que decidiu realizar a viagem após se cansar da rotina.
“O conforto, a rotina, a segurança, tudo isso pode fazer a gente perder os nossos sonhos e guardá-los em uma gaveta. Meus pais achavam que eu era louco, e nunca foram muito a favor da ideia, mesmo assim eu decidi ir”, diz o argentino.
De acordo com Pablo, em 99 ele comprou uma bicicleta e saiu de Maceió a caminho de Buenos Aires, a capital argentina e sua cidade natal. Ao chegar lá, ele diz ter ficado mais de dois anos e meio procurando patrocínio e, enfim, sair pedalando.
Foto: arquivo pessoal |
Segundo Pablo García, todo o percurso é estudado e calculado antes dele sair em viagem, para que ele saiba onde possa procurar estadia.
“Eu humildemente pedia para as pessoas um espaço no quintal para poder acampar. Em alguns lugares, as pessoas me davam alimento e um teto para dormir”, diz o viajante.
Após a longa jornada, o ciclista conta que aprendeu a dar valor às coisas mais simples da vida. Em relação ao destino, ele fala que Maceió é a sua segunda casa, e que ama o Brasil, menos, é claro, o futebol brasileiro.
Lugares
Além dos quilômetros e dos acessórios que carrega na bicicleta, Pablo García também traz muitas histórias para contar. Entre elas, estão um assalto no Quênia, ou o encontro com traficantes no Irã.
“Quando estava no Irã, eu fui pedir água para algumas pessoas e percebi que eles estavam repartindo drogas. Eles começaram a discutir entre si e o clima começou a esquentar, foi quando eu peguei uma bandeira da argentina e disse que era argentino. Eles falaram ‘Maradona’ e mandaram eu seguir. O Diego [Maradona] nunca soube, mas ele salvou minha vida”, fala.
Foto: arquivo pessoal |
No Tibete, o viajante viu uma das cenas mais marcantes durante o percurso. Ele diz que no país, como não há local para sepultar os mortos, é realizado o enterro celestial.
“O corpo é cortado por um mestre de cerimônias e dado aos abutres. As partes que não são comidas são cortadas novamente, misturadas com farinha e levadas pelo vento”, relata.
Amigos
Entre os amigos que estavam para recepcionar o viajante, estava um amigo de longa data, Roberto Santos, 50, que diz conhecer García há mais de 22 anos. Ele diz que se lembra, quando o amigo ainda era guia turístico e comprou sua primeira bicicleta.
“A emoção é muito grande em reencontrar o Pablo. Trabalho com artesanato e pedi até uma folga ao meu chefe, expliquei a situação e disse que não ia poder trabalhar hoje. Por causa do jeito dele determinado, eu sempre soube que o projeto dele ia ser um sucesso”, conta Santos.
Futuro
Pablo García fica em Maceió até o final de janeiro e diz que, após o descanso, irá voltar de bicicleta à Argentina. Ele afirma que pretende escrever um livro com relatos dos mais de 14 anos viajando o mundo.
Foto: arquivo pessoal |
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